Dentro do espírito da missão que nos move, avançámos até agora mais no mecanismo do que no conteúdo do crescimento económico que se impõe como objectivo estratégico central de Portugal.
Constatámos ser necessária uma estratégia de muito longo prazo. E perguntámos por que razão essa estratégia não foi sequer esboçada, se existe no aparelho de Estado a figura do PR que tem vindo a desempenhar o cargo por períodos suficientemente longos, de dez anos.
Verificámos que o PR até tem meios constitucionais que lhe permitem actuar politicamente, no sentido do estabelecimento de uma estratégia de muito longo prazo para Portugal.
Relacionámos o problema do crescimento com a autonomia económica do país. E notámos que, inclusivamente, o actual PR escreveu ser necessária uma estratégia integrada, concebida no plano global do Estado.
E aflorámos o CEDN (Conceito Estratégico de Defesa Nacional) como mecanismo do ordenamento jurídico-constitucional eventualmente capaz de assumir o papel de mecanismo adequado para suportar a estratégia.
É agora altura de recuperarmos a vertente do conteúdo do necessário crescimento económico.
Para dizermos que esse conteúdo não pode deixar de reflectir uma tendência clara de especialização da economia nacional.
Especialização não necessariamente assente nas indústrias tradicionais, antes adequadamente centrada nas indústrias que se podem prever como as que incorporarão a inovação que as empresas portuguesas demonstram poder dominar.
O conteúdo de uma estratégia de muito longo prazo, para um crescimento económico forte e sustentado, exige que a classificação das actividades económicas se concentre em sectores e que, de entre estes, sejam assumidos os considerados como a base do referido crescimento.
E que esses sectores sejam tratados numa perspectiva de cadeia de valor, onde, naturalmente, se desenvolve uma deslocação do foco de criação de valor acrescentado, das actividades de mão-de-obra intensiva para as actividades de capital intensivo, ou de conhecimento intensivo.