domingo, novembro 20, 2005

descaminhos / CAPITULAÇÃO



Em Portugal, assistimos a uma verdadeira capitulação perante uma Espanha prestes a desintegrar-se e a não ser mais do que uma federação de comunidades autónomas, das quais Portugal acaba por ser apenas a que mais cedo se impôs no processo centralizador da península.
Com este passo do futuro Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento, avança-se sub-repticiamente, sem qualquer prurido, na efectiva capitulação do país que trinta e quatro gerações de portugueses construíram.
A capitulação já era, aos olhos de todos, económica; agora o passo é num sentido mais franco, mais decisivo, tornando-se irreversível.
Nós cedemos o espaço, em Braga...Espanha fica com o Director, José Ribas, cá!
Nós damos as instalações, eles ficam com o mando...
Imaginemos o inverso: um Director português, a chefiar um Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento em Espanha, resultante de um acordo intergovernamental.
Fiquemo-nos pela imaginação, porque alguma vez a Espanha centralista iria aceitar?
O Governo português - com o inestimável patrocínio do comovente Presidente da República que temos tido nestes gloriosos últimos dez anos -, vai de capitulação em capitulação, na mais confrangedora demonstração de impotência, de visão, de estratégia para Portugal, no mundo, na península Ibérica, na Europa, no Atlântico.
Serão enormes os custos de derrubar mais um governo num período de menos de dois anos de duração da sua governação, mas serão ainda maiores os danos de uma política como a que tem vindo a ser seguida e aquela que se perspectiva, uma política de autêntica capitulação.