terça-feira, outubro 17, 2006

marco / Os Novos Brasis

A União Ibérica de 1580-1640 esteve na base do que é o Brasil hoje, porque sem ela e na vigência do Tratado de Tordesilhas, o território brasileiro -com o que decorre dessa matriz- não teria seguramente a configuração que conhecemos e admiramos.
Quantos novos brasis não poderão surgir ainda -nas configurações actuais que a crescente globalização pode gerar- como resultado da institucionalização de uma nova ligação política forte, no respeito das soberanias nacionais que se impõem, entre a Espanha, nação de nações, e Portugal?

sábado, outubro 14, 2006

caminhos / Movimento Português para a Federação Ibérica


Recordando o número quatro do artigo oitavo (Direito Internacional) da Constituição da República Portuguesa:
As disposições dos tratados que regem a União Europeia e as normas emanadas das suas instituições, no exercício das respectivas competências, são aplicáveis na ordem interna, nos termos definidos pelo direito da União, com respeito pelos princípios fundamentais do Estado de direito democrático.
Não seria preciso um grande esforço nacional, até constitucional, para se estabelecer um grau intermédio entre o Portugal independente que hoje temos e o Portugal membro da União Europeia em que hoje vivemos, pois não?
Uma Federação Ibérica, por tantos portugueses ilustres já defendida, e não só, não fará de facto todo o sentido?
Não estará mesmo a fazer falta um MOVIMENTO PORTUGUÊS PARA A FEDERAÇÃO IBÉRICA?

terça-feira, outubro 10, 2006

hope / O EXEMPLO


O novo Procurador Geral da República (PGR) tem uma boa deixa para dar o exemplo e mostrar a diferença, impondo um estilo condicente com o seu discurso de tomada de posse e com o discurso do Presidente da República.
É informar sobre o ponto em que se encontra o chamado caso do licenciamento do Freeport de Alcochete que, por duas vezes, veio a público num jornal semanário, O Independente, que, por acaso, até já fechou.
É publicar um relatório em que, de uma vez por todas, esclareça que a alta figura do Estado que é o Primeiro Ministro actualmente em funções, não teve definitivamente nada a ver com o assunto e que o processo se encontra encerrado.
“A grande corrupção, arrastando os grandes interesses, torna os poderosos mais poderosos e os fracos mais fracos”, disse o novo PGR, e bem. Então que dê conta de um caso que não está devidamente esclarecido em termos de informação à opinião pública sobre a respectiva investigação e que, portanto, deve ser objecto de uma posição inequívoca por parte da Procuradoria Geral da República.
É que a recente nomeação do homólogo francês do PGR, por Chirac, não dá assim tanto conforto como os discursos ouvidos poderiam prognosticar...

quinta-feira, agosto 24, 2006

caminhos / mudar de ares

"NASA is making an unprecedented investment in commercial space transportation services with the hope of creating a competitive market for supply flights to the International Space Station (ISS)"

Venha lá essa possibilidade, e depressa, de mudarmos de ares porque aqui em baixo é cada vez mais insuportável o modus vivendi desta nossa triste espécie ...

quinta-feira, agosto 17, 2006

fancy / o espelho da indústria nacional


O actual presidente da CIP é bem o espelho da indústria nacional institucional.
A vaidade pessoal, que não trata de disfarçar, leva-o a falar nos telejornais, como ontem, sem qualquer articulação de pensamento, num vai-vem permanente de dizer e desdizer, extremamente confrangedor.
Este agraciado com a Grã-Cruz da Classe de Mérito Industrial por ocasião dos saldos de condecorações de Sampaio, mais parece um membro do governo, de tal modo defende ou evita criticar as políticas claramente contrárias aos interesses dos empresários, da indústria e do país levadas a cabo de modo sistemático pela incompetente equipa de Sócrates.

quarta-feira, agosto 16, 2006

pilhérico / governo sem vergonha


Notícias dos últimos dias:
60% da mata ardida pertence ao Estado

terça-feira, julho 11, 2006

offside / habilidade a destruir, incapacidade a construir


Os dez anos que passam, desde a constituição da CPLP, trazem à mente duras constatações.
Houve muita habilidade na destruição do investimento de muitas gerações de portugueses nas ex-colónias.
Mas foram precisos 20 anos para se formar um primeiro orgão com objectivos de congregação de vontades à volta do esforço histórico dos portugueses, orgão cujo surgimento, aliás, muito deve ao impulso de notáveis brasileiros.
Passados estes dez anos, com o fracasso da CPLP bem à vista, o que se confirma é uma clara incapacidade a construir, designadamente por parte da classe política portuguesa, sempre a fugir das questões económicas (as que mais relevam no mundo em que vivemos), como ainda ontem se viu pelas patéticas declarações de António Vitorino na televisão sobre esta matéria.
A CPLP e a inquestionável falta de dinamismo que ostenta é bem a imagem do posicionamento dos políticos pós-revolução de 74 perante a riqueza que o relacionamento dos portugueses com esses países representa.
Um posicionamento que deriva da continuada indefinição do papel de Portugal no mundo que, para estes políticos, não parece nada interessante enfrentar ...

segunda-feira, julho 10, 2006

descaminhos / MOMENTOS DE DESLIZE COM AS ASAS FECHADAS

Os fringilídeos (família Fringillidae) são aves passeriformes que se alimentam de sementes. A maior parte das espécies conhecidas habitam o hemisfério norte, ainda que se encontrem, em menor extensão, em África e na América do Sul.
São de pequeno ou médio porte e ostentam um bico forte, geralmente cónico e, nalgumas espécies, bastante largo. Todos têm 12
rectrizes e nove rémiges primárias. Os seus ninhos têm a forma de cesto e são construídos em árvores. O seu voo é caracterizado pela alternância entre impulsos bruscos de golpes de asa e momentos de deslize com as asas fechadas. A maior parte das espécies são canoras.
A História de Portugal, como o voo dos fingilídeos, caracteriza-se "pela alternância entre impulsos bruscos de golpes de asa e momentos de deslize com as asas fechadas"
É assim que estamos há já muitas (demasiadas) décadas, a deslizar com as asas fechadas.
Mostram os actuais líderes capacidade para inverter a rota para o estatelamento em que nos encontramos?
Tem Sócrates visão para abrir as asas?
E esta surpresa chamada Cavaco, a apostar em roteiros para a inclusão e coisas parecidas, tem (alguma vez teve) arcaboiço para um brusco golpe de asa?
Os factos que vamos observando no dia-a-dia demonstram com toda a evidência que não.
O desespero do governo em sacar dinheiro por tudo quanto é lado, para alimentar a máquina que lhe dá os votos, vai mesmo ao ponto de colidir com a constitucionalidade dos seus actos, como acontece agora com a quebra do sigilo bancário em reclamação graciosa (segundo MRSousa).
O golpe de asa que o país precisa não exige, no entanto, que a Constituição seja ferida, ou mesmo alterada como sempre reclama a autoproclamada direita inscrita no CDS.
Necessita de coisas bem mais simples, ao alcance de todos.
Necessita de mais gente esclarecida a falar como fala Miguel Sousa Tavares.
Necessita de mais gente a dizer a verdade sobre o estado do país e o caminho que está a levar, como Medina Carreira.
Necessita de mais vozes como a de Vasco Pulido Valente, a alertar para os problemas históricos, já estruturais, de Portugal, a que há que dar solução.
Necessita de mais Belmiros de Azevedo ( dos tempos em que Belmiro zurzia no governo, não do Belmiro de hoje caladinho para não prejudicar a OPA...).
Necessita ... de oposição!

sábado, julho 08, 2006

pilhérico / a História repete-se!


Não era muito difícil adivinhar, quando se começaram a ver os primeiros comportamentos presidenciais de Cavaco e Maria: a História repete-se!
Tal como Sampaio que, como se viu, choramingava por todo o lado e - como muito bem analisou Miguel Sousa Tavares -, foi um presidente absolutamente destrutivo para Portugal e, mesmo, para a democracia, Cavaco vai por caminho idêntico:
Confirma-se assim, sem margem para dúvidas, a longa fase de falta de líderes que Portugal atravessa, quando assistimos a toda esta pieguice e, por dever de cidadania, a comparamos com os feitos dos nossos antepassados e com os meios de que dispuseram para os atingir.

sexta-feira, julho 07, 2006

descaminhos / a aceleração do desastre

A aceleração do desastre é inevitável, perante estas declarações do novel ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Licenciado em Economia, por certo devia ter em atenção que um país pequeno como Portugal, escassíssimo de recursos humanos qualificados, recursos financeiros e recursos técnicos, não deve (e também não pode) diversificar excessivamente os seus mercados, como já é por demais evidente.
Portugal, através do Estado e dos privados já vai a todas, investe não importa onde e no quê, quer ser bom internacionalmente nos mais diversos sectores da actividade económica e em todos os mercados, da América à Ásia.
Agora vem este ministro dizer que nos concentrámos em excesso nos PALOP's!
Será que não viu ainda que estamos a ser literalmente esmagados em Angola, o mercado dos PALOP's mais importante, pelos chineses, pelos brasileiros, pelos espanhóis, pelos italianos, pelos franceses e por aí a fora?
Este é bem um ministro à moda de Sócrates, mas com políticas como esta de diversificar mais ainda, agora em África, não se ficará apenas por "aparar a sebe", na feliz expressão de Vasco Pulido Valente, este - tudo indica - vai dar mais uns cortes que vão continuar a afectar indelevelmente as raízes ...

terça-feira, julho 04, 2006

cataventos / o que fará Cavaco?


As dificuldades de carácter económico e financeiro, de dimensão histórica, que Portugal atravessa, não podem deixar de levar o Presidente Cavaco Silva a tomar medidas perante os gastos da Presidência da República.
Dos anteriores presidentes, designadamente os socialistas, conhecemos bem o seu pendor especial para gastar, mas agora, a cultura de poupança e de rigor que Cavaco sempre gostou de transmitir, não pode deixar de ser consequente.
É muito oportuno ter em atenção as palavras de Dom Duarte de Bragança, quando refere:
Perante isto, o que fará Cavaco?

segunda-feira, julho 03, 2006

sexta-feira, junho 30, 2006

hope / pedrada no charco


Pedrada no charco foi o que aconteceu ontem na entrevista de Henrique Neto na televisão.
A esperança que nos resta, aliás, é a de haver ainda quem, como este industrial, tem a objectividade de espírito para chamar os bois pelos nomes.
As políticas sectoriais que reclama equivalem aos clusters que aqui têm sido referidos.
Uma nota, no entanto, para sublinhar que não tem de haver políticas sectoriais com igual ênfase para todos e mais alguns sectores.
É essencial uma opção por um número limitado de sectores, ou clusters, nos quais o país deve apostar decididamente.
E ... dadas as condições da indústria automóvel no mundo hoje - uma quase commodity - será este sector um daqueles em que interessa a Portugal apostar?

quinta-feira, junho 29, 2006

magister dixit / Charles Péguy

"Ninguém poderia suspeitar que viria um tempo ... em que aquele que não arriscasse perderia o tempo todo, certamente muito mais do que aquele que arrisca"
(citado por Charles Wright Mills, in 'A Nova Classe Média' Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1976, página 11)

terça-feira, junho 27, 2006

magister dixit / Gonçalo Ribeiro Telles

"Não é suficiente salpicar de parques, jardins e arranjos paisagísticos a monstruosa mancha de betão que invade o país"
(Gonçalo Ribeiro Telles, in Prefácio, 'A Arquitectura Paisagista morfologia e complexidade', Manuela Raposo de Magalhães, Lisboa, Estampa, 2001, pág. 20)

marco / lições pombalinas

Os problemas do país, e da direita, tendo dois séculos, radicam nos tempos em que se perdeu o ímpeto das reformas económicas do Marquês de Pombal.
Depois dos finais da primeira década do século XIX Portugal tem-se arrastado até à vergonhosa situação em que se encontra hoje:
- sem relações económicas com as antigas possessões ultramarinas adequadas ao esforço que aplicou durante séculos nas mesmas;
- sem estrutura económica capaz de sustentar uma população habituada a níveis de vida superiores à riqueza produzida;
- sem dinheiro;
- sem líderes políticos com um mínimo de visão para o golpe de asa indispensável.
O exemplo do Marquês é interessante e - nestes tempos de compressão da história -, muito actual para o dilema da direita.
A primeira zona de produção vinícola demarcada no mundo foi criada por ele, com o estabelecimento da Companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro, o que se traduz num verdadeiro acto de especialização da economia nacional, cujos efeitos ainda hoje são notórios.
Nenhuma filosofia, nenhuma doutrina, nenhuma prática política sobreviverá tempo suficiente se não assentar em decisões que alicercem duradouramente a criação de riqueza no país.
E a criação de riqueza no país não pode deixar de ter em conta o papel de Portugal nas cadeias de valor dos clusters de especialização por que é indispensável optar, cadeias de valor que hoje se organizam à escala global.
Uma direita criativa, actual, inovadora como foi o Marquês, tem de focar a sua atenção nas longas durações dos actos e omissões que a nossa extensa história permite.

segunda-feira, junho 26, 2006

fancy / contraditório

As boas razões que sustentam as leis contra os monopólios não são idênticas às que deveriam originar a prevenção dos excessos de concorrência?

sexta-feira, junho 23, 2006

caminhos / direita sem esquerda

Parece estar a haver por aí uma tendência no sentido de a direita, nos tempos que correm, dever ir buscar à esquerda algumas das suas ideias.
Entendamo-nos, no âmbito da refundação da direita.
Há uma regra que o esbatimento aparente entre esquerda e direita hoje, não consegue eliminar: a esquerda não se preocupa com a produção de riqueza; tem sempre presente, ao invés, a distribuição do que existe e, mesmo, do que não existe, não hesitando sequer em endividar o país para continuar a distribuir, até ser arredada do poder.
São os conhecidos complexos da filosofia marxista de que, embora cada vez mais burguesa, não se consegue livrar...
Portugal não tem uma estrutura económica capaz de produzir a riqueza necessária à manutenção e desenvolvimento do nível de vida actual da sua população, estando já a regredir fortemente.
Cabe à direita reconstruir a base económica do país, o que é uma tarefa eminentemente política, ao contrário do que, à primeira vista, se pode pensar.
Se o problema do desenvolvimento português tem dois séculos, dois séculos terão os problemas onde enraizam as dificuldades da direita portuguesa de hoje, aos quais urge dar uma solução inteligente e pragmática.

quinta-feira, junho 22, 2006

caminhos / cuidar da paisagem

Cuidar da paisagem é preciso. Clique em cima para ver um caminho.

hope / mais vale tarde que nunca


Até o indefectível José Pacheco Pereira (JPP) já acha (ontem na Quadratura) que, pouco mais de 10o dias apenas passados sobre a tomada de posse de Cavaco Silva como Presidente da República, deve este ter em atenção que é presidente de todos os portugueses e não só do governo.
Este incrível Cavaco está, segundo JPP colado ao governo, 'esquecendo-se' que tem de considerar também as posições da oposição democrática.
'Esquecendo-se'... Com o que se vai passando com este deslumbrado presidente, estamos mas é perante mais um caso de liderança fraca de que Portugal vem sofrendo há muitas décadas!

segunda-feira, junho 19, 2006

marco / A mutilação


A aparição de VPV ontem na televisão e a sua análise perspicaz (apesar de não passar de análise, diagnóstico...) traz à tona uma questão das mais relevantes dos tempos recentes.
O CEDN (conceito estratégico de defesa nacional), mutilado por Paulo Portas nas partes de carácter económico que tinha nas suas duas versões anteriores, retira um instrumento fundamental aos meios de que Portugal poderia dispor para ultrapassar a crise histórica em que se encontra mergulhado.
A Defesa, Dr. Paulo Portas (PP), é hoje - e desde há já muitas décadas - essencialmente poder económico (e classe média forte, enraizada na criação de riqueza), muito mais do que carros de combate e submarinos sem qualquer base económica de sustentação.
E bastava tão só ler o CEDN dos americanos (que uma certa direita portuguesa moderna tanto admira), tê-lo pedido a Rumsfeld, por exemplo ..., para ver o que é um CEDN de sucesso no mundo competitivo de hoje ...
A agora comprovada falta de visão do ministro de Estado e da Defesa Nacional PP, constituiu uma oportunidade flagrantemente falhada quanto à necessária saída do atoleiro em que nos encontramos.
As miragens do Paiva Couceiro biografado por VPV, trazidas para os dias de hoje, tornar-se-iam realidades palpáveis, por certo, se os ditos líderes da direita que por aí andam tivessem um pouco, apenas um pouco, de atenção ao que os rodeia!

postaberta / Aos portugueses Ricardo e Francisco



Portugueses,
É aquela coisa na bandeira que me traz à presença de V. Exas..
Esperei estes dias todos para ver se havia algum rebate de consciência, ou se a coisa tinha simplesmente escapado ao controlo. Mas não, nada...
Sabemos o que os poderes públicos têm vindo a fazer deste país há já muitas décadas.
E sabemos até as ligações próximas, ou mesmo as vivências, de V. Exas. a esses e desses poderes.
Mas, que diabo, ter-se chegado à bandeira...!
Ter-se premeditado o 'truque' de descolar uma ponta da pública bandeira para lá pôr insígnias privadas que prosseguem interesses de grupos particulares, cabe na cabeça de pessoas compenetradas do papel da cidadania que lhes incumbe?
Este é mais um sinal do estado doentio da sociedade portuguesa destes dias, agora agravado com a certeza de que actores com elevadas responsabilidades na sua parte civil, também já não respeitam fundamentos essenciais da nossa vida colectiva.

domingo, junho 11, 2006

dito pelo próprio / cavaco versão dez do seis

Se "A Pátria é um palmo de terra defendido", quem a está a defender?

socos / não vão longe

Jaime Nogueira Pinto (JNP), no passado Expresso, diz que "não vão longe", diz.
Diz a propósito de Espanha e Portugal o que a direita não quer ouvir ou não quer seguir.
Seguir seria mais adequado, mas os portugueses, os intelectuais portugueses, como JNP, são sempre inconsequentes.
Inconsequentes na adequação dos actos às palavras, na acção sem a qual todo o verbo se torna verborreia!
Verborreia sem medida, castradora do surgimento das soluções que se impõem.
Impõem-se medidas de absorção do descontamento, no sentido da acção contra o presente status quo da incompetência mais torpe que se apoderou do Estado e nele se enraiza.
Enraizar em chão democrático uma saída para a deprimente humilhação a que Portugal se tem vindo demoradamente entregando é o que urge.
Urge a refundação da direita, como primeiro passo indispensável.

terça-feira, maio 30, 2006

trapalhadas / a da inclusão

Cavaco Silva, com este roteiro para a inclusão, aproxima-se da visão dos que, antes de mais, se preocupam com a distribuição em detrimento da produção de riqueza. Uma visão que não descola da perspectiva genericamente marxista.
Estranho, muito estranho, para um economista, um professor, alguém que já presidiu a um partido social democrata em Portugal, na história recente!
Cavaco sabe -e, portanto, não se percebe bem a sua agenda- que o aspecto crucial da vida dos portugueses hoje não é o combate à exclusão.
O verdadeiro combate que continua deserto de combatentes e de método é o do crescimento económico, através do qual se poderá combater a exclusão social.
Com trapalhadas como as do projecto da Refinaria Vasco da Gama, que passou bem à frente dos olhos de Cavaco, como é que este presidente-da-inclusão vai de facto resolver o problema?
Será que, mais tarde ou mais cedo, vai também andar por aí a chorar como o outro?

quarta-feira, maio 17, 2006

offside / cervejas, futebóis e touradas




Sui generis o funcionamento da economia portuguesa e respectiva auto-regulação.
Foram as cervejas Cintra, inauguradas com pompa e circunstância, com Presidente da República e tudo (o Sampaio...), com financiamento bancário à força toda, Caixa Geral de Depósitos à cabeça. Era (e ainda é...) a terceira fábrica de cerveja em Portugal, país com menos habitantes do que Paris! Como era bem de ver, agora com falência no horizonte .
Foi o Alvaláxia, brilhante ideia do reputadíssimo empresário português José Roquete. Falhanço estrondoso, com financiamento garantido e venda anunciada com desespero. Era (e ainda é...) mais um centro comercial na selva de centros em que Lisboa e Portugal (considerada a dimensão de uma e outro) se estão a tornar.
É agora o novo Campo Pequeno, reaberto depois de mais de cinco anos de obras, a medirem-se com as de Santa Engrácia. Mais financiamento à toa, com mais um desastre à vista...
Quem suporta todos estes desvarios de empresários tidos como estrelas, num país em que os bancos financiadores de projectos claramente perdedores ab initio, se tornam gradualmente accionistas do interesse geral?

terça-feira, maio 16, 2006

descaminhos / o cavaquismo nunca existiu

Até ver temos mais do mesmo: discursos e mais discursos sobre o que se deve fazer, sobre o que é que os empresários devem fazer...
O Cavaco Silva estatizante de sempre tem vindo a revelar, afinal, muito da sua essência: encostado ao Estado, mais uma vez dentro do Estado, numa atitude que o seu discípulo Barroso tentou pôr em prática com os resultados que conhecemos: o Estado separado dos empresários, aquele o cobrador de impostos, estes os criadores da riqueza indipensável à cobrança de impostos.
E...vai falando de...globalização!
Ainda não se apercebeu de que, nestes tempos de globalização, são os Estados que encabeçam os grandes negócios, são os Presidentes que chefiam as delegações de empresários, públicos e privados, que vão VENDER os serviços e produtos dos seus países, juntos, irmanados no mesmo objectivo.
Cavaco vai VENDER? Ou vai limitar-se a fazer como todos os outros, discursar, discursar, discursar?
O cavaquismo é uma miragem!

quarta-feira, maio 10, 2006

socos / episódios em torvelinho


Se fosse no tempo de Santana Lopes, o que os nossos queridos jornalistas encarteirados, em geral, não teriam já espingardado!
É estonteante a rapidez com que este governo faz e desfaz anúncios públicos de investimentos como o da refinaria Vasco da Gama, o maior da história económica de Portugal.
Vergonhosa a atitude do primeiro ministro perante a sucessão inacreditável de episódios e mais episódios.
Os empresários e investidores, nacionais e estrangeiros, que leiam bem o comunicado de Patrick Monteiro de Barros suspendendo as negociações.

terça-feira, maio 09, 2006

trapalhadas / socráticas

As trapalhadas, de tantas e múltiplas e de todos os ministros, têm de ser apelidads de socráticas.
Socrático é o "processo pedagógico subordinado a perguntas e respostas, quando essas perguntas têm por fim ... levar o discípulo ao conhecimento do próprio erro, para seguidamente o conduzir ao descobrimento da verdade" (Grande Dicionário da Língua Portuguesa, Tomo IX, pág. 260).
Será então por isso - por seguir o método socrático - que o ministro da economia levou Monteiro de Barros ao erro dos benefícios fiscais e da poluição da refinaria para o conduzir ao ... descobrimento da total incapacidade do governo, que é a única verdade que se descortina nisto tudo!
Este Sócrates ainda vai dar muito que falar, tal é a mistificação...

quinta-feira, maio 04, 2006

hope / um refinado comentador


Talvez Miguel Sousa Tavares tenha vindo a refinar o conteúdo da sua capacidade de análise e de comentário desde os tempos desta fotografia (1979) mas é ultimamente que se tem revelado como um oportuno lançador de pedradas neste charco que é Portugal.
No Expresso tem vindo a dizer livremente o que outros omitem, tornando-se uma espécie de óasis no seio da comunicação que nos quer moldar.
Que diferença dos complexos de Marcelo! Que diferença dos rolos de Vitorino!

quarta-feira, maio 03, 2006

descaminhos / Teimar no Erro

O Campo Pequeno vai reabrir remodelado, depois de setenta e cinco milhões de investimento e é já no dia 17 de Maio, não se antevendo tempo suficiente para remodelar os jardins que a circundam!
Um investimento brutal... rodeado de jardins abandonados...
Teimar no erro desta maneira é manifesta falta de inteligência!
A aprovação de um projecto desta dimensão não deveria obrigar o investidor a cuidar dos jardins que, notoriamente, integram o empreendimento?
O que é que andam a fazer os responsáveis políticos que permitem situações destas?

quarta-feira, abril 26, 2006

socos / Deslumbrado?


Estará Cavaco Silva deslumbrado com o seu estatuto de Presidente da República?
Ao que assistimos foi a um discurso sem cravo na lapela mas puxado à esquerda.
Não era melhor com cravo na lapela mas puxado à direita?

sexta-feira, abril 21, 2006

descaminhos / UM ENGANO CHAMADO SÓCRATES


As notícias veículadas pelas mais conceituadas entidades sobre a economia portuguesa acabam definitivamente com o estado de graça de um primeiro-ministro saído de mais um dos grandes equívocos da sociedade portuguesa.

Quando José Hermano Saraiva refere que, mesmo os quatro anos constitucionais de mandato para o governo, são pouco, não estará certamente a pensar em casos patológicos...

quinta-feira, abril 20, 2006

parti pris / CAMPEÃO

Não é pouca coisa: um campeão mundial de cozinha aos 21 anos! Boa João Carlos Simões.

quarta-feira, abril 19, 2006

socos / Terceiro Mundo?

Uma sociedade que não tem meios autoregulatórios para eliminar de cargos de responsabilidade pública aqueles que já mostraram não serem capazes e que, tendo-lhes sido dada uma nova oportunidade, reincidem, é uma sociedade doente, muito doente.

terça-feira, abril 18, 2006

offside / e ei-los de mãos vazias...

Quantas encomendas trouxe a fantástica comitiva de empresários e políticos a Angola?
Tantas quantas as que estão a conseguir na Argélia?

quinta-feira, abril 06, 2006

descaminhos / O 'Tudo ó molho e fé em Deus' em reprise


Mantêm-se as políticas erráticas de Portugal nos mercados-chave externos. O caso agora é Angola.
Continua-se a fornecer empresários às pázadas, enfiados em aviões com muitos ministros, até com o primeiro-ministro.
Desta vez sem a presidência da república que é a instituição que mais tem contribuído para o espectáculo da demonstração comprovada da nossa incapacidade.
O trabalho de casa, árduo, remetendo para a recolha de todos os méritos, incluindo os que estão por descobrir, esse trabalho continua alegremente por fazer...
A especialização da economia portuguesa, que significa a aposta conjugada do Estado e dos privados nos sectores em que Portugal pode competir internacionalmente, continua por definir!
Que resultados se esperam, nestas condições, de mais esta excursão portuguesista?
Mais tempo perdido, mais dinheiro deitado à rua, por certo.
Economias mais aptas a conquistarem os mercados internacionais - como a chinesa precisamente por ser dominada por empresas públicas -, em que o Estado assume um papel comercial e financeiro activo, batem-nos sem apelo nem agravo.
Se não, veja-se o que se passa com o desenvolvimento do transporte ferroviário angolano, concebido pelos portugueses e, agora, totalmente açambarcado pelos chineses.
Não existe em Portugal inteligência suficiente para se compreender o que está bem à frente dos nossos olhos?
Para além de desburocratizar o Estado nas suas relações com os cidadãos, o governo precisa, e muito, de interiorizar que tem de ser parte activa nos grandes negócios internacionais, tem de se conjugar com os empresários privados, com humildade, com espírito construtivo e pragmático para garantir grandes projectos que arrastam o desenvolvimento económico de Portugal e do país de localização desses projectos.
Começar pela definição da especialização nacional significaria começar a fazer o indipensável trabalho de casa...

quinta-feira, março 16, 2006

marco / ESTÁ ABERTA A CAIXA DE PANDORA


Não pode deixar de vir a constituir um marco na história económica, e até política, de Portugal, a decisão do Millennium bcp avançar com uma OPA sobre o BPI.
Foi aberta decisivamente uma muito perigosa caixa de pandora!
Trata-se de uma decisão que, no quadro de uma nova onda de OPA's na Europa e nos Estados Unidos, só pode animar, de um modo não necessariamente racional, os predadores internacionais a tomarem de assalto as poucas e extraordinariamente periclitantes empresas portuguesas que ainda restam.
Com efeito, as empresas portuguesas, mercê de uma fase económica de Portugal historicamente dramática -e que tem muito a ver com o fim da exclusiva origem externa da criação da riqueza nacional que a revolução de 1974 trouxe- estão completamente opáveis.
Sendo, pois, Portugal actualmente um elo fraquissimo da cadeia do capital internacional, o que espera o Millennium bcp desta sua atitude?
Foi uma decisão para evitar uma OPA de um banco estrangeiro sobre si? Ataca o BPI para obviar a que esse banco estrangeiro tenha a vida facilitada?
Quando se fala insistentemente em mercado único, terão as autoridades portuguesas capacidade para argumentar, contrariando o funcionamento normal do mercado de transacção de empresas através das bolsas?
Não é fácil descortinar se, neste caso, o ataque do Millennium será a melhor defesa, mas tudo indica que seria melhor esperar para ver.
Aliás, no quadro de o Millennium ter sido alvo de uma OPA por uma banco estrangeiro, não seria mais fácil, ao montar a sua defesa, engendrar uma fusão com o BPI, conseguindo atingir o seu objectivo de agora de um modo bem mais inteligente?
Os efeitos de o capital estrangeiro - nomeadamente o espanhol sempre desejoso de mais quota de mercado -, se sentir a partir de agora com todo o direito de avançar sem qualquer preconceito de carácter político, são de todo imprevisíveis.
E intensificam, em proporção geómétrica, as preocupações dos que percebem que a independência de Portugal corre riscos cada vez mais claros.

sexta-feira, março 03, 2006

socos / A DIREITA DEPRIMENTE


Simplesmente deprimente o espectáculo do CDS ontem na Assembleia. O CDS, Telmo Correia e Paulo Portas podem continuar por esta via de política sem substância (e mesmo sem educação na forma!), mas não devem falar em nome da direita, muito menos da direita democrática.
Não se apreciam aqui as posições de Freitas do Amaral, cada qual tirará as conclusões que são de tirar. Mas o que é certo é que não é preciso vir um grupo parlamentar a terreiro fazer ver às pessoas o que cada um deve pensar sobre os comportamentos de Freitas enquanto ministro de Portugal.
O afundamento do reconhecimento público da bondade dos valores, de alguns valores, do CDS e da direita, com estas atitudes, não pára, quanto mais retroceder.
À direita, muito mais do que à esquerda (PSD incluído), fazem falta uns 'estados gerais', uma reflexão consequente que ponha no devido lugar os conceitos, a eterna confusão que atravessa o CDS, entre democracia-cristã, conservadorismo e liberalismo e que coloque no sítio adequado aqueles que continuam a arrasar impunemente a imagem da direita.