terça-feira, junho 27, 2006

marco / lições pombalinas

Os problemas do país, e da direita, tendo dois séculos, radicam nos tempos em que se perdeu o ímpeto das reformas económicas do Marquês de Pombal.
Depois dos finais da primeira década do século XIX Portugal tem-se arrastado até à vergonhosa situação em que se encontra hoje:
- sem relações económicas com as antigas possessões ultramarinas adequadas ao esforço que aplicou durante séculos nas mesmas;
- sem estrutura económica capaz de sustentar uma população habituada a níveis de vida superiores à riqueza produzida;
- sem dinheiro;
- sem líderes políticos com um mínimo de visão para o golpe de asa indispensável.
O exemplo do Marquês é interessante e - nestes tempos de compressão da história -, muito actual para o dilema da direita.
A primeira zona de produção vinícola demarcada no mundo foi criada por ele, com o estabelecimento da Companhia para a Agricultura das Vinhas do Alto Douro, o que se traduz num verdadeiro acto de especialização da economia nacional, cujos efeitos ainda hoje são notórios.
Nenhuma filosofia, nenhuma doutrina, nenhuma prática política sobreviverá tempo suficiente se não assentar em decisões que alicercem duradouramente a criação de riqueza no país.
E a criação de riqueza no país não pode deixar de ter em conta o papel de Portugal nas cadeias de valor dos clusters de especialização por que é indispensável optar, cadeias de valor que hoje se organizam à escala global.
Uma direita criativa, actual, inovadora como foi o Marquês, tem de focar a sua atenção nas longas durações dos actos e omissões que a nossa extensa história permite.