terça-feira, julho 11, 2006

offside / habilidade a destruir, incapacidade a construir


Os dez anos que passam, desde a constituição da CPLP, trazem à mente duras constatações.
Houve muita habilidade na destruição do investimento de muitas gerações de portugueses nas ex-colónias.
Mas foram precisos 20 anos para se formar um primeiro orgão com objectivos de congregação de vontades à volta do esforço histórico dos portugueses, orgão cujo surgimento, aliás, muito deve ao impulso de notáveis brasileiros.
Passados estes dez anos, com o fracasso da CPLP bem à vista, o que se confirma é uma clara incapacidade a construir, designadamente por parte da classe política portuguesa, sempre a fugir das questões económicas (as que mais relevam no mundo em que vivemos), como ainda ontem se viu pelas patéticas declarações de António Vitorino na televisão sobre esta matéria.
A CPLP e a inquestionável falta de dinamismo que ostenta é bem a imagem do posicionamento dos políticos pós-revolução de 74 perante a riqueza que o relacionamento dos portugueses com esses países representa.
Um posicionamento que deriva da continuada indefinição do papel de Portugal no mundo que, para estes políticos, não parece nada interessante enfrentar ...

segunda-feira, julho 10, 2006

descaminhos / MOMENTOS DE DESLIZE COM AS ASAS FECHADAS

Os fringilídeos (família Fringillidae) são aves passeriformes que se alimentam de sementes. A maior parte das espécies conhecidas habitam o hemisfério norte, ainda que se encontrem, em menor extensão, em África e na América do Sul.
São de pequeno ou médio porte e ostentam um bico forte, geralmente cónico e, nalgumas espécies, bastante largo. Todos têm 12
rectrizes e nove rémiges primárias. Os seus ninhos têm a forma de cesto e são construídos em árvores. O seu voo é caracterizado pela alternância entre impulsos bruscos de golpes de asa e momentos de deslize com as asas fechadas. A maior parte das espécies são canoras.
A História de Portugal, como o voo dos fingilídeos, caracteriza-se "pela alternância entre impulsos bruscos de golpes de asa e momentos de deslize com as asas fechadas"
É assim que estamos há já muitas (demasiadas) décadas, a deslizar com as asas fechadas.
Mostram os actuais líderes capacidade para inverter a rota para o estatelamento em que nos encontramos?
Tem Sócrates visão para abrir as asas?
E esta surpresa chamada Cavaco, a apostar em roteiros para a inclusão e coisas parecidas, tem (alguma vez teve) arcaboiço para um brusco golpe de asa?
Os factos que vamos observando no dia-a-dia demonstram com toda a evidência que não.
O desespero do governo em sacar dinheiro por tudo quanto é lado, para alimentar a máquina que lhe dá os votos, vai mesmo ao ponto de colidir com a constitucionalidade dos seus actos, como acontece agora com a quebra do sigilo bancário em reclamação graciosa (segundo MRSousa).
O golpe de asa que o país precisa não exige, no entanto, que a Constituição seja ferida, ou mesmo alterada como sempre reclama a autoproclamada direita inscrita no CDS.
Necessita de coisas bem mais simples, ao alcance de todos.
Necessita de mais gente esclarecida a falar como fala Miguel Sousa Tavares.
Necessita de mais gente a dizer a verdade sobre o estado do país e o caminho que está a levar, como Medina Carreira.
Necessita de mais vozes como a de Vasco Pulido Valente, a alertar para os problemas históricos, já estruturais, de Portugal, a que há que dar solução.
Necessita de mais Belmiros de Azevedo ( dos tempos em que Belmiro zurzia no governo, não do Belmiro de hoje caladinho para não prejudicar a OPA...).
Necessita ... de oposição!

sábado, julho 08, 2006

pilhérico / a História repete-se!


Não era muito difícil adivinhar, quando se começaram a ver os primeiros comportamentos presidenciais de Cavaco e Maria: a História repete-se!
Tal como Sampaio que, como se viu, choramingava por todo o lado e - como muito bem analisou Miguel Sousa Tavares -, foi um presidente absolutamente destrutivo para Portugal e, mesmo, para a democracia, Cavaco vai por caminho idêntico:
Confirma-se assim, sem margem para dúvidas, a longa fase de falta de líderes que Portugal atravessa, quando assistimos a toda esta pieguice e, por dever de cidadania, a comparamos com os feitos dos nossos antepassados e com os meios de que dispuseram para os atingir.

sexta-feira, julho 07, 2006

descaminhos / a aceleração do desastre

A aceleração do desastre é inevitável, perante estas declarações do novel ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros.
Licenciado em Economia, por certo devia ter em atenção que um país pequeno como Portugal, escassíssimo de recursos humanos qualificados, recursos financeiros e recursos técnicos, não deve (e também não pode) diversificar excessivamente os seus mercados, como já é por demais evidente.
Portugal, através do Estado e dos privados já vai a todas, investe não importa onde e no quê, quer ser bom internacionalmente nos mais diversos sectores da actividade económica e em todos os mercados, da América à Ásia.
Agora vem este ministro dizer que nos concentrámos em excesso nos PALOP's!
Será que não viu ainda que estamos a ser literalmente esmagados em Angola, o mercado dos PALOP's mais importante, pelos chineses, pelos brasileiros, pelos espanhóis, pelos italianos, pelos franceses e por aí a fora?
Este é bem um ministro à moda de Sócrates, mas com políticas como esta de diversificar mais ainda, agora em África, não se ficará apenas por "aparar a sebe", na feliz expressão de Vasco Pulido Valente, este - tudo indica - vai dar mais uns cortes que vão continuar a afectar indelevelmente as raízes ...

terça-feira, julho 04, 2006

cataventos / o que fará Cavaco?


As dificuldades de carácter económico e financeiro, de dimensão histórica, que Portugal atravessa, não podem deixar de levar o Presidente Cavaco Silva a tomar medidas perante os gastos da Presidência da República.
Dos anteriores presidentes, designadamente os socialistas, conhecemos bem o seu pendor especial para gastar, mas agora, a cultura de poupança e de rigor que Cavaco sempre gostou de transmitir, não pode deixar de ser consequente.
É muito oportuno ter em atenção as palavras de Dom Duarte de Bragança, quando refere:
Perante isto, o que fará Cavaco?

segunda-feira, julho 03, 2006