quinta-feira, março 16, 2006

marco / ESTÁ ABERTA A CAIXA DE PANDORA


Não pode deixar de vir a constituir um marco na história económica, e até política, de Portugal, a decisão do Millennium bcp avançar com uma OPA sobre o BPI.
Foi aberta decisivamente uma muito perigosa caixa de pandora!
Trata-se de uma decisão que, no quadro de uma nova onda de OPA's na Europa e nos Estados Unidos, só pode animar, de um modo não necessariamente racional, os predadores internacionais a tomarem de assalto as poucas e extraordinariamente periclitantes empresas portuguesas que ainda restam.
Com efeito, as empresas portuguesas, mercê de uma fase económica de Portugal historicamente dramática -e que tem muito a ver com o fim da exclusiva origem externa da criação da riqueza nacional que a revolução de 1974 trouxe- estão completamente opáveis.
Sendo, pois, Portugal actualmente um elo fraquissimo da cadeia do capital internacional, o que espera o Millennium bcp desta sua atitude?
Foi uma decisão para evitar uma OPA de um banco estrangeiro sobre si? Ataca o BPI para obviar a que esse banco estrangeiro tenha a vida facilitada?
Quando se fala insistentemente em mercado único, terão as autoridades portuguesas capacidade para argumentar, contrariando o funcionamento normal do mercado de transacção de empresas através das bolsas?
Não é fácil descortinar se, neste caso, o ataque do Millennium será a melhor defesa, mas tudo indica que seria melhor esperar para ver.
Aliás, no quadro de o Millennium ter sido alvo de uma OPA por uma banco estrangeiro, não seria mais fácil, ao montar a sua defesa, engendrar uma fusão com o BPI, conseguindo atingir o seu objectivo de agora de um modo bem mais inteligente?
Os efeitos de o capital estrangeiro - nomeadamente o espanhol sempre desejoso de mais quota de mercado -, se sentir a partir de agora com todo o direito de avançar sem qualquer preconceito de carácter político, são de todo imprevisíveis.
E intensificam, em proporção geómétrica, as preocupações dos que percebem que a independência de Portugal corre riscos cada vez mais claros.