segunda-feira, fevereiro 27, 2006

índice / FEVEREIRO 2006

Índice dos posts publicados entre Novembro de 2005 e Fevereiro de 2006

- textos de fundo: Identidade-Projecto;

Rúbricas
- rúbrica magister dixit, com os títulos: A Orquestra de Pequim; Descrente da Lei e da Justiça; A Nossa Crise;
- rúbrica fancy, com os seguintes títulos: A Cornualha n'América; o verdadeiro duelo e a verdadeira questão;
- rúbrica marco, com as seguintes rúbricas: Seis Décadas Marcantes; A Dedicação de Uma Vida; Peter Ferdinand Drucker;
- rúbrica produtividade, com o seguinte título: Um Mau Exemplo;
- rúbrica socos, com o seguinte título: O Mapa da População Subalimentada;
- rúbrica descaminhos, com os seguintes títulos: O Mau Estado do Estado; Capitulação; O Condecorador; O Trapalhão-Mor; Reconduzido; Anos de Chumbo;
- rúbrica aisthesis, com os seguintes títulos: Bendita; Gostava; Máscara;
- rúbrica trapalhadas, com os seguintes títulos: Contra o Orçamento; Faltas & Faltas; Desconfederados; Trapalhadas!;
- rúbrica referências, com os seguintes títulos: Donald Trump; Belmiro de Azevedo;
- rúbrica postaberta, com o seguinte título: A Maria Cavaco Silva;
- rúbrica dito pelo próprio, com o seguinte título: Eu teria tido certamente mais juízo;

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

magister dixit / A NOSSA CRISE

À Revista Portuguesa (n.ºs 23-24), em 23 de Outubro de 1923:
- Que pensa da nossa crise? Dos seus aspectos - político, moral e intelectual?
- A nossa crise provém, essencialmente, do excesso de civilização dos incivilizáveis. Esta frase, como todas que envolvem uma contradição, não envolve contradição nenhuma. Eu explico.
Todo povo se compõe de uma aristocracia e de ele mesmo. Como o povo é um, esta aristocracia e este ele mesmo têm uma substância idêntica; manifestam-se, porém, diferentemente. A aristocracia manifesta-se como indivíduos, incluindo alguns indivíduos amadores; o povo revela-se como todo ele um indivíduo só. Só colectivamente é que o povo não é colectivo.
O povo português é, essencialmente, cosmopolita. Nunca um verdadeiro português foi português: foi sempre tudo. Ora ser tudo em um indivíduo é ser tudo; ser tudo em uma colectividade é cada um dos indivíduos não ser nada. Quando a atmosfera da civilização é cosmopolita, como na Renascença, o português pode ser português, pode portanto ser indivíduo, pode portanto ter aristocracia. Quando a atmosfera da civilização não é cosmopolita - como no tempo entre o fim da Renascença e o princípio, em que estamos, de uma Renascença nova - o português deixa de poder respirar individualmente. Passa a ser só portugueses. Passa a não poder ter aristocracia. Passa a não passar. (Garanto-lhe que estas frases têm uma matemática íntima).
Ora um povo sem aristocracia não pode ser civilizado. A civilização, porém, não perdoa. Por isso esse povo civiliza-se com o que pode arranjar, que é o seu conjunto. E como o seu conjunto é individualmente nada, passa a ser tradicionalista e a imitar o estrangeiro, que são as duas maneiras de não ser nada. É claro que o português, com a sua tendência para ser tudo, forçosamente havia de ser nada de todas as maneiras possíveis. Foi neste vácuo de si próprio que o português abusou de civilizar-se. Está nisto, como lhe disse, a essência da nossa crise.
As nossas crises particulares procedem desta crise geral. A nossa crise política é sermos governados por uma maioria que não há. A nossa crise moral é que desde 1580 - fim da Renascença em nós e de nós na Renascença - deixou de haver indivíduos em Portugal para haver só portugueses. Por isso mesmo acabaram os portugueses nessa ocasião. Foi então que começou o português à antiga portuguesa, que é mais moderno que o português, e é o resultado de estarem interrompidos os portugueses. A nossa crise intelectual é simplesmente o não termos consciência disto.
Respondi, creio, à sua pergunta. Se V. reparar bem para o que lhe disse, verá que tem um sentido. Qual, não me compete a mim dizer.

offside / DESPERDÍCIO CRIMINOSO

Nenhum exemplo será porventura mais eloquente da incapacidade, da impotência e da irresponsabilidade, ilusão vintecincodabrilesca incluída, do que o do transporte ferroviário português.
Os dinheiros públicos são literalmente esbanjados sem que poderes alguns sejam capazes, ou mostrem um mínimo desejo consequente, de pôr termo áquilo que é um escândalo permanente, que continua a criar raízes.
Trata-se de um desperdício criminoso porque, de década em década, não se cumprem planos, não se elaboram estratégias, não se põem em prática medidas concretas de eliminação do sorvedouro do erário público que constitui a organização do transporte ferroviário em Portugal.
Olhe-se, por exemplo, para a vergonha dos assessores que as empresas públicas do sector e das que são detidas por elas albergam, assessores que pululam por tudo quanto é espaço de condescendência política e não só, do mais descarado oportunismo, sem qualquer benefício.
Pode alguém acreditar que é sério o insistentemente anunciado combate ao défice, com exemplos deste calibre?

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

descaminhos / ANOS DE CHUMBO

Portugal e os portugueses vivem incontestavelmente anos de chumbo.
José da Silva Lopes referiu há dias que o período 2001-2005 foi o pior do pós-guerra em Portugal, do ponto de vista económico, com os efeitos sociais que estão à vista.
Sendo o panorama o que é em 2006 e não havendo qualquer luz ao fundo do túnel em que nos encontramos, percorremos sem dúvida uma década de chumbo.
Sabemos que a monarquia resolveu os problemas históricos mais fundamentais de Portugal, tendo a república recebido um país muito diferente do que hoje temos.
Será este regime republicano capaz de ultrapassar a crise histórica em que mais uma vez nos encontramos?
Exemplos actuais, como a passagem de Sampaio pela chefia do Estado, só podem deixar-nos as maiores dúvidas.
A independência de Portugal esvai-se com a mais explícita das evidências, sem que alguém surja e se imponha com o golpe de asa indispensável.
O mecanismo de acesso aos lugares de poder de decisão está em total degradação, não tanto por questões especificamente constitucionais, mas antes por desacreditação, desmoralização, desmotivação.
Deixou de haver solidariedade em a nação. Cada empresa, cada grupo, cada família, cada indivíduo pensa apenas em si e para si.
E esta atitude preponderante provoca estragos incomensuráveis na capacidade social de reagir.
Vivemos anos de chumbo, de entre os piores da nossa História!

terça-feira, fevereiro 21, 2006

trapalhadas / TRAPALHADAS!

Esteve bem José Ribeiro e Castro, ontem, quando voltou a classificar adequadamente este governo, nascido das trapalhadas e dos episódios que Sampaio não quis identificar.
Esteve mesmo muito bem o Presidente do CDS, ao referir novamente as trapalhadas deste governo, as mais que muitas trapalhadas que se sucedem a um ritmo nunca imaginado, enquanto Sampaio anda a assobiar (e certamente a chorar...) lá para Timor.
Esteve até especialmente bem a representar todos os que não se revêm nesta política de faz-de-conta, designadamente o eleitorado do PSD que está cada vez mais incomodado com o seu líder, também ele um produto da inventona sampaísta dos episódios e trapalhadas.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

offside / ..."quando a oportunidade espreitar"...


No último EXPRESSO, António Pires de Lima expende as 'expectativas de um eleitor' de Cavaco, assinando como deputado do CDS/PP.
Considera que é preciso "libertar os cidadãos do peso do Estado".
E que "a direita necessita de uma agenda liberal".
Para se "constituir alternativa quando a oportunidade espreitar" !
Temos, portanto, a direita à espera que a oportunidade espreite ...
Com amigos desta estirpe, metidos a ideólogos, a direita não precisará mesmo de inimigos.
"Libertar os cidadãos do peso do Estad0"?
Do que se trata, é precisamente do contrário!
Não são os cidadãos que têm de ser tirados de baixo do Estado, é o Estado que tem de ser tirado de cima dos cidadãos...
Percebe-se a perspectiva de António Pires de Lima, pois o que o CDS/PP fez recentemente, quando esteve no governo com a secretaria de estado dos transportes nas mãos, sob cuja tutela estão uma CP, uma REFER, uma EMEF, foi manter o peso do Estado bem por cima dos cidadãos.
A esmagá-los, sorvendo o erário público de modo totalmente anti-liberal.
Que agenda liberal quer António Pires de Lima então?
Podemos estar certos de que "quando a oportunidade espreitar", o CDS/PP deste deputado lá estará para pôr em prática a ideologia e a política mais anti-liberal que possamos imaginar.
Não é seguramente assim que os portugueses poderão ter alguma esperança.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

aisthesis / MÁSCARA

trapalhadas / DESCONFEDERADOS




Protagonistas da mais patética descoordenação que se possa imaginar entre pessoas supostamente portadoras de um nível de inteligência mínimo, estes desconfederados são exemplares de uma espécie de seres que caracterizam bem a sociedade portuguesa dos nossos dias.
As trapalhadas em que se meteram duram há anos e muitos mais anos vão durar por estes ditos responsáveis pelo associativismo empresarial não terem as condições mínimas para entenderem que o sistema em que se querem confederar está ainda - mais de 30 anos depois da revolução de 1974 - preso a uma organização das actividades económicas nacionais pensada e imposta nos anos cinquenta do século passado!
O que lhes vale, a estes pobres espíritos arcaicos e condescendentes, sempre prontos a pedinchar subservientemente o que quer que seja junto do Estado e do poder político, é que os 'Compromissos Portugal' que vão surgindo aqui e ali têm por único objectivo dar na veia dos seus mentores uma boa dose de protagonismo espúrio.

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

descaminhos / RECONDUZIDO

Foi reconduzido para mais um mandato, o actual governador do Banco do sétimo país mais endividado do mundo.
E o que é que tem feito este governador para, ao seu nível, contrariar o plano inclinado, inclinadissimo, em que a economia portuguesa se encontra? E para ser reconduzido, portanto?
Tem trabalhado consequentemente para que os bancos financiem adequadamente as empresas que podem criar e manter postos de trabalho e, assim, suster o aumento do desemprego?
Ou tem permitido descaradamente que os bancos apliquem partes desmesuradas da sua capacidade de captação de poupança e crédito na venda de financiamento para compra de habitação?
Este governador, ao não utilizar os instrumentos de que dispõe para obrigar a uma distribuição mais inteligente dos meios financeiros que o sector financeiro pode disponibilizar, tem contribuido activamente para o descalabro da indústria nacional e para a perda da independência económica de Portugal.
A sua recondução apenas confirma a absoluta inconsciência, também política (e não apenas cultural como VPV refere) do primeiro ministro que temos.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

fancy / o verdadeiro duelo e a verdadeira questão



A cena da OPA da SONAE à PT resumir-se-á a um duelo de banqueiros interessados no cash-flow de uma empresa que exibe a posição que tem hoje devido ao descarado abuso de posição dominante que vem praticando no mercado, sob os olhares cúmplices dos poderes públicos?
Nesse duelo será interessante perceber o posicionamento da Autoridade da Concorrência e de Abel Mateus, tão vilipendiado foi por um dos mais próximos de Ricardo Salgado, quando decidiu actuar perante a arrogância da PT no mercado.
Entretanto, que não restem dúvidas quanto ao fim acelerado da história de Portugal independente: o maior accionista da PT é a Telefónica! O banco que apoia integralmente a operação da SONAE, incluindo todas as linhas de crédito da PT, é espanhol!
A banca portuguesa, olhando sistematicamente para o umbigo, tem vindo a deixar cair empresa após empresa, grupo após grupo, imaginando ingenuamente que, sem uma base nacional sólida de empresas e grupos de dimensão média, pode alguma vez ir a algum lado ... !
A Belmiro e ao seu filho, nesta corajosa cruzada, fica a honra de quererem genuinamente um mercado com verdadeira concorrência, contra todos os poderes saqueadores deste pobre país.
Mas Belmiro já tem o Santander bem dentro de casa ...
A verdadeira questão será descobrir quais são os objectivos últimos do Santander e dos seus accionistas, ao apoiarem, como estão a apoiar, as grandes operações dos maiores empresários nacionais.
Não estará simplesmente a levá-los ao colo, na concretização de uma estratégia bem mais ardilosa do que parece?

terça-feira, fevereiro 07, 2006

referências / BELMIRO DE AZEVEDO


"Afinal, o mais importante - suponho que para todos nós e, seguramente, para mim - nesta curta passagem pela Terra é procurar manter o estar e o ser em harmonia no máximo de tempo possível ao longo da vida. E, quando tivermos de partir, desejar serenamente deixar de estar antes de deixar de ser. Isto é, viver lucidamente a última etapa da vida."
(Lagos, 7 de Agosto de 2001, último parágrafo de 'Belmiro História de uma vida', Magalhães Pinto, Lisboa, Âncora Editora, 2001)

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

offside / SALOIOS

Os saloios dos ministros portugueses do governo Sócrates (o que antes de atingir o estrelato primo-ministerial era visto a esquiar na Serra Nevada como quem vai ao supermercado em fato-de-treino), agora até a dignidade de Estado já parece terem perdido.
Alinhadinhos, curvados perante os olhares de Bill Gates e do chefe do governo, prestaram-se a esta ridícula figura que, como não podia deixar de ser, Marcelo Rebelo de Sousa (o campeão do comentário superficial) também demoradamente assinalou na sua retórica de ontem.
Tudo aquilo em nome do 'CHOQUE TECNOLÓGICO' ...
Será que Portugal virá algum dia a ser internacionalmente reconhecido como um país especializado em vender choques tecnológicos?
Se não, como tudo indica, os saloios dos ministros, com atitudes destas, não se prestam senão a descer abaixo dos mínimos aceitáveis como dignidade do Estado português, que é o muito pouco que nos resta para salvarmos a face.

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

descaminhos / O TRAPALHÃO-MOR


Perante a sucessão interminável de episódios e trapalhadas do governo que Sampaio fez eleger para substituir o de Santana, Sampaio não diz nada?
Só falando dos mais recentes, dos de há dois dias, ele é o MIT e as declarações do primeiro responsável pelo Plano Tecnológico, ele é as escolas todas em banda larga quando muitas nem computador têm...
Hoje mesmo, o tema é a ilegalidade e o abuso de poder que o governo Sócrates tanto gosta de exibir, com total arrogância: em S. Bento, está a funcionar um sistema de informações à margem da lei, pondo em causa um dos mais elementares direitos de cidadania!
Santana, o alegado trapalhão, só pode ser visto como um menino de coro, quando comparamos a sua actuação como primeiro-ministro, com a do trapalhão Sócrates...
Sampaio não tem mesmo nada a dizer?
Afinal quem é que é, no meio disto tudo, o trapalhão-mor?

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

offside / O SUPER-HOMEM


Conseguir-se-á descortinar nesta figura capacidades de super-homem?
Só com instrumentação especialmente concebida para o efeito, teríamos condições para perceber onde estão as características de super-homem, em Sócrates.
A acumulação do cargo de primeiro-ministro com o de líder da comissão permanente do PS, não sendo caso para um super-homem, demonstra apenas a concepção concentracionária do poder que o homem tem.
Já se tinha vislumbrado, com a colocação de apaniguados por todo o aparelho de estado, qualquer coisa nesse sentido. Agora está connfirmado, o governo não é o governo de todos os portugueses, é o governo dos socialistas!
Vai ser uma coabitação interessante ...