domingo, julho 24, 2005

offside / AEP


O offside nem é bem para a figura permanente de Ângelo Ludgero Marques à frente da Associação Empresarial de Portugal (AEP), até porque os re-Descobrimentos não se farão com ataques a pessoas, por muito que elas se ponham a jeito.
É mais para a AEP: será que os empresários membros da AEP poderão estar satisfeitos com o desempenho da sua associação?
Estando a economia nacional como está, não criando o país riqueza como não cria, ficarão os líderes do associativismo empresarial ilibados até à eternidade, através de eleições com carácter vitalício?
Só o duradouro falhanço de entendimento entre as cúpulas patronais, seria suficiente para afastar da liderança da AEP o seu reconduzido presidente...
A estrutura organizacional do associativismo empresarial é um dos problemas mais graves e determinantes do atraso que Portugal tem e a reeleição de líderes que falharam em toda a linha para inverter a situação, mantém-nos perigosamente fora de jogo.
Já lá vão mais de duas décadas de liderança e Ludgero Marques ainda não reparou - nem, o que é mais sério, a AEP deu por isso -, que as bases da estrutura do associativismo empresarial português precisam de ser urgentemente submetidas a uma profunda reorganização.
Ainda não notaram, depois de tanto tempo, que o objectivo do associativismo não é o de as associações se transformarem elas próprias em grupos empresariais, como vem acontecendo, mas antes criarem as condições que permitam aos seus membros desenvolverem-se, o que manifestamente não se verifica.
As associações empresariais estão entre os maiores responsáveis por Portugal se encontrar em total ausência de estratégia .
Tendo-se o Estado desvinculado do papel que lhe cabe, no sentido de enquadrar as actividades económicas, na sequência da revolução de 1974, os empresários nacionais - historicamente muito carentes do apoio do Estado -, entraram numa espiral atomística que culminou com a função atribuída ao associativismo empresarial no Código de Trabalho de Bagão Félix, sem qualquer contestação conhecida.
Acha a AEP que a organização do associativismo empresarial existente, que perdura desde a primeira metade do século passado, é adequada às necessidades de desenvolvimento do país, no contexto internacional actual e futuro?
A AEP, sob a responsabilidade do seu reconduzido presidente, já teve o tempo suficiente para aprender que a estrutura do associativismo empresarial português reflecte ainda hoje, directamente, a organização proposta por Marcello Caetano e aplicada por António de Oliveira Salazar.
Sendo que, aqueles não acolheram a filosofia do produto, seguida desde essa altura pela Itália, por exemplo, mas a das grandes actividades económicas, na configuração que foi dada ao sistema das corporações.
Os resultados estão bem à vista, com a miríade de associações que Portugal tem, praticamente sem federações aglutinadoras destas numa perspectiva de cadeia de valor, e sem confederações correspondendo às fileiras, ou 'clusters', dos sectores estratégicos, com excepção para a Confederação do Turismo.
Voltaremos ao assunto porque ele tem a maior relevância para os re-Descobrimentos, mas não é fácil, não é nada fácil, animarmo-nos com notícias como a da reeleição de Ludgero Marques que, assim, demonstra não possuir capacidade auto-crítica.