domingo, julho 24, 2005

socos / REGURGITANTE


A regurgitante hipótese de candidatura de Mário Soares à Presidência da República (PR), nas eleições do próximo ano, ilustra bem a atracção pelo abismo que prepondera, nestes tempos, em Portugal.
Só se lhe pode vislumbrar uma ténue vantagem, ainda que com custos cada vez mais difíceis de superar, se vier a ser eleito: é a de vê-lo a apanhar com os efeitos da sua governação e dos seus dois anteriores mandatos como PR.
Vantagem que, no caso de ser Cavaco Silva o eleito, também se verifica, não tenha sido este também um dos actores principais da situação em que o país se encontra.
Como é público e notório, no centro da solução dos problemas nacionais está o estabelecimento e a aplicação de uma estratégia, o que implica, como se viu atrás, o empenhamento do PR, como orgão jurídico-constitucional que, nos últimos trinta anos, mais tempo se tem mantido no poder.
Ora, o que é que Mário Soares fez durante os seus dois anteriores mandatos, nesse sentido? Bem se pode dizer que...nem um museu!
E, ainda que se viesse a regenerar neste âmbito de impulsionar uma estratégia para Portugal, tem condições físicas para desempenhar dois mandatos, considerando que em apenas um não conseguiria esse objectivo?
Não pode haver ilusões, Mário Soares já demonstrou à saciedade que o seu papel na história de Portugal foi o de contribuir para a instauração de uma democracia, própria dos países ricos porque muito cara.
E também demonstrou que não foi capaz de implementar a transformação das estruturas não políticas da sociedade, as de carácter económico e social, as que podem agora até pôr em perigo as de carácter político.