sábado, setembro 10, 2005

caminhos / IV REPÚBLICA

Sobre a necessidade de uma alteração substancial do sistema político em que Portugal actualmente se afunda, parece haver cada vez menos dúvidas.
Isso significa o advento da IV República.
No panorama das próximas eleições presidenciais, que se vai revelando, haverá condições para tal?
A emergência da IV República implicará sempre um corte com a actual, isto é, confirmará o descalabro a que conduziram as políticas encetadas, como resultado da ausência de visão e de estratégia para o país saído do ciclo do império.
Cada país tem a sua História e Portugal, com a sua, não deve enjeitar por muito mais tempo a redefinição, ainda que prospectiva, da sua função no mundo.
É esta redefinição que poderá desencadear uma estratégia de suporte à indispensável especialização da economia portuguesa, para competir adequadamente nos mercados internacionais.
E assim poder sustentar a consolidação da democracia que Cavaco Silva, no seu artigo de hoje no Expresso, tanto faz depender da economia.
Isso implica interpretar a Constituição e cumpri-la numa perspectiva de objectivos, correspondendo estes à nova função definida pelos portugueses, para Portugal no mundo.
A questão que se coloca, portanto, é a de se saber se Mário Soares e Cavaco Silva terão as condições pessoais e políticas para impulsionarem o surgimento da IV República.
Quer Mário Soares, quer Cavaco Silva, não têm essas condições, a menos que surpreendam tudo e todos...
Não tardará muito para percebermos se esta muito remota hipótese de uma grande surpresa, terá porventura algum espaço para caminhar.
A alternativa, seja sob que forma for que se venha a concretizar, incluirá, muito certamente, a formação de um movimento pela emergência da IV República, pela reabilitação da capacidade dos portugueses confiarem nas suas qualidades colectivas.