segunda-feira, setembro 05, 2005

offside / COVEIROS

Podiam até ter sido outros extremistas do centro, pelas mesmas espiadas razões, mas foi o PS!
Foi o PS que, no estertor do guterrismo governamental, decidiu atribuir o fornecimento dos veículos do Metro Sul do Tejo à Siemens, sabendo que não seriam fabricados em Portugal, na tão disputada fábrica da Amadora.
Sabendo que eles viriam da Áustria, por camião, inteirinhos, prontos a usar...como acontece agora que, curiosamente, está outra vez no governo, para os receber de braços abertos, com a inconsciência própria de quem espezinha os mais elementares interesses nacionais.
É por estas e por outras que o PS é, objectivamente, um dos coveiros da indústria nacional, não pestanejando sequer quanto aos efeitos que essa adjudicação teria, como efectivamente teve, na indústria ferroviária portuguesa.
E não se venha com o obsoleto argumento que a Siemens tem muito investimento em Portugal e que emprega muita gente.
Não fossem outros interesses alevantarem-se no seio de quem decidiu, ainda nos daríamos ao trabalho de fazer entrar naquelas duras cabecinhas que o que interessa é o investimento sector a sector.
Trata-se de um atentado económico e estratégico, argumentar com investimentos e postos de trabalho, proporcionados pela Siemens num ou mais sectores, para justificar uma adjudicação noutro sector diferente desses.
A fábrica da Amadora está fechada e o Estado "engoliu" mais uns tantos trabalhadores, na ultra-falaciosa perspectiva de que a falida EMEF, detida pela falida CP, vai fazer da Amadora um Centro de Competência...
É justamente com esta atitude, que não pode deixar de ser conotada com o benefício de interesses particulares, é com actos deste calibre que Portugal vai empobrecendo aceleradamente, como já é patente aos olhos de todos.
Se, como disse Freitas do Amaral, Portugal não pode dar lições sobre corrupção a nenhum país do mundo, eu digo que, em lado algum, incluindo os países mais sub-desenvolvidos do globo, para mais com uma fábrica de material circulante com tecnologia da mais avançada, se encomendariam veículos ferroviários "pronto-a-usar", sem qualquer intervenção da indústria nacional no seu processo de fabrico.
O direito à indignação, tão caro ao repetente candidato a PR desta família de coveiros, não chega para condenar comportamentos de tal modo gravosos para o futuro da sociedade portuguesa.
É preciso mais.