sábado, setembro 03, 2005

magister dixit / O QUE O FAZ MOVER?

"Todavia, sem ter sido escravo, fui sempre obedecendo à lei natural, passando do estar para o ser, da informação para o conhecimento, do conhecimento para a inovação, da inovação para a acção, da acção para o fazer e para o fazer fazer. Tudo isto com a preocupação sentida, nunca programada, de criar riqueza e de a distribuir, sem recurso às vias burocráticas, ineficientes e, por vezes, corruptas, dum Estado centralizado e sem alma nem valores.
...
Tendo eu vivido durante um período extraordinário no século passado - com tantas transformações tecnológicas, sociológicas, económicas e políticas - não tenho dúvidas em afirmar que ainda vivemos uma época de aceleração de tais transformações, nos quatro cantos do mundo. O grande teste para todos os seres humanos será, indubitavelmente, controlar o processo, para que a própria essência do ser humano não seja destruída, devorada, numa evolução autodestruidora causada pela convergência do poder da ciência com os excessos de liberalismo e com o esbatimento dos valores da nossa civilização.
Ser observador distante, através da leitura, da destruição de grandes civilizações nos últimos quatro milénios é, seguramente, diferente da probabilidade de ser sujeito passivo de um processo semelhante no actual século. É nossa obrigação evitar que tal aconteça.
Sendo eu optimista reincidente, acredito na fantástica capacidade dos homens e das mulheres para, na altura própria, parar a tempo, reflectir, fazer reviver valores culturais de outros tempos, encontrar novas combinações e novos equilíbrios, para garantir o conforto material do estar combinado com o prazer intelectual e o conforto espiritual do ser".
(Belmiro de Azevedo, Posfácio, in Magalhães Pinto, 'Belmiro História de Uma Vida, Lisboa, Âncora Editora, 2001, págs. 397 e 399)
POSTNOTA:
Belmiro de Azevedo desmentiu, através de carta publicada no Expresso de hoje, um putativo apoio à candidatura de Cavaco Silva às próximas presidenciais.
Na postaberta A BELMIRO DE AZEVEDO, aqui publicada há oito dias, supondo como certo esse apoio por não ter havido até então desmentido, mostrámos-lhe discordância.
O Senhor Engenheiro não desiludiu!