quarta-feira, outubro 12, 2005

caminhos / MORFOLOGIA E COMPLEXIDADE DA PAISAGEM

"A autora, ao tratar da morfologia e complexidade da paisagem como tema central do livro, não deixa de apontar a importância da Arquitectura Paisagista, como Arte Política, no ordenamento do território. É o contexto histórico da evolução da Paisagem, a arte que, por vocação intrínseca, integrou a natureza, nas preocupações de organização, e a humanização da paisagem, tendo como referência o 'paradeisos'. A Paisagem Global do século XXI, como imagem do território, não deixará de ter o mesmo arquétipo como referência.
Duas atitudes se degladeiam hoje na invenção da paisagem.
Uma, que considera indispensável a participação da natureza na humanização da Terra, baseando as suas propostas na gradual humanização e transformação da paisagem, de harmonia com as leis da Natureza: a Altera Natura de Cícero, e como Santo Agostinho afirmava, como conclusão da Criação, 'Pulchritudo est splendor ordinis'.
Outra, que tem por fundamento a ideia de que a natureza é desmontável, funcionando como um mecanismo simples e desmontável, a nosso bel-prazer, e que produzirá sem limites os bens de rápido consumo exigidos pelo progresso. Tal atitude tem provocado a degradação dos territórios (desertificação e despovoamento) e a marginalização de culturas e comunidades humanas.
Este livro traduz, com profundidade, no âmbito do ordenamento do território e da invenção da paisagem, uma ruptura com o convencional e com a rotina e propõe uma nova visão do urbanismo e da política de ordenamento do território, baseada na realidade biofísica e cultural do território".
(Gonçalo Ribeiro Telles, in 'Prefácio', pág. 19)