sábado, outubro 08, 2005

descaminhos / ASSIM NÃO, ZÉZINHA!

Dado o estado a que chegou a direita em Portugal, a candidatura autárquica de Maria José Nogueira Pinto, mormente depois da sua exposição em defesa de uma nova ideologia para a direita logo após a queda do último governo, não podia deixar de ser um acto que transmitisse já 'um cheirinho' da necessária regeneração da direita portuguesa.
Não foi esse o posicionamento, não obstante ser inelutável a leitura desta candidatura e do seu resultado como sendo o da direita (até pela escondimento eleitoral pessoal do líder do CDS-PP) e, assim, o que se pode fazer é tentar perceber o pensamento regenerador da candidata, através do seu discurso eleitoral autárquico.
Extrai-se então um pensamento declaradamente defensor do 'sim', mas pragmaticamente ávido de 'nãos', retrógrado, na expectativa de que os votantes venham atrás das ideias serôdias da envelhecida direita, em vez de esta direita fazer o seu 'aggiornamento' (sendo certo que já não pode perder nenhuma oportunidade para o fazer) em relação à sociedade portuguesa e sua inevitável evolução.
A referência, agressiva, de rejeição aos anunciados projectos de arquitectos de reconhecimento internacional inquestionável para Lisboa, bandeiras de outra candidatura, é o climax de uma maneira de estar na política (acobertando-se sistematicamente com razões financeiras...) que indicia tão-só para a direita a continuação da sua perda acelerada de influência política.
Tendo descolado definitivamente dos níveis de audiência pública de movimentos políticos capazes de defenderem a esperança das camadas populacionais mais jovens, como é o caso do BE, o CDS-PP - agarrado a temas como, paradigmaticamente, é a cega rejeição de maior condescendência na interrupção voluntária da gravidez -, nem acantonado numas eleições autárquicas consegue apoio de algum modo expressivo para as suas provectas ideias políticas.
Com mais este triste exemplo, com os ideologicamente frouxos actores que têm desfilado nos últimos anos e os consequentes erros cometidos, o que resta à direita portuguesa é, sem dúvida, mais do foro do renascimento do que propriamente da regeneração.