quarta-feira, outubro 12, 2005

UMA SOLUÇÃO PARA PORTUGAL

UMA SOLUÇÃO PARA PORTUGAL é o título do livro publicado, há precisamente 20 anos, por Diogo Freitas do Amaral (DFA), no âmbito da sua candidatura às eleições presidenciais de 1986.
DFA não foi eleito mas o livro, que se ocupa, "em quatro capítulos distintos, das reformas que é necessário introduzir, para renovar Portugal, no sistema político, no sistema administrativo, no sistema económico e no sistema educativo" aproxima-se muito do conceito de programa eleitoral presidencial aqui defendido.
Sabemos hoje que o caminho seguido por Portugal, nesta questão do papel constitucional do Presidente da República, não foi bom, desaguando no triste espectáculo que, a todos os títulos, o presidente em funções tem vindo a dar.
Já há vinte anos, DFA referia: "Os Portugueses apoiaram a instauração da democracia e não estão dispostos a pô-la em causa: mas sentem, e declaram-se, profundamente descontentes com os resultados de uma década que globalmente identificam como sendo de mau governo, de má administração e de impotência perante a crise económica. Em suma: os Portugueses defendem o regime, mas criticam o sistema".
Nesse 'livro-programa', DFA estabelecia objectivos. Notava que "o problema central do nosso país, a causa das causas da situação de crise e de atraso com que Portugal se debate, é um problema de educação, é uma grave deficiência na educação".
Declarava que "por isso, só atacando a fundo este problema, e concedendo à educação a prioridade das prioridades, conseguiremos apoiar em bases sólidas e duradoiras a superação da crise e do atraso português".
E anunciava que "esse grande objectivo só será atingido se o país puder e quiser fazer um esforço muito especial para aumentar consideravelmente o investimento na educação em geral e se, ao mesmo tempo, reformular por completo e de modo especial a formação cívica e cultural do cidadão comum, a formação profissional dos gestores de empresa e dos funcionários públicos, e a formação política superior da classe dirigente e dos jornalistas".
Conhecemos hoje - passado quase o tempo de uma geração -, qual o caminho que uma Irlanda traçou e concretizou, investindo na educação, em comparação com o caminho que Portugal percorreu, investindo no betão.
E temos a dolorosa experiência de presidentes da república coniventes com políticas governamentais que têm vindo a conduzir o país para o desastre que se antolha.
A visão de DFA, e o comprovado erro da sua não eleição, merecem reflexão séria.