quinta-feira, outubro 20, 2005

CAVACO SILVA: UMA ILUSÃO MAIS

A aparente receptividade que a candidatura de Cavaco Silva às próximas presidenciais está a ter, só pode vir a resultar numa ilusão mais do povo português.
Então um homem como este, que tem às costas a responsabilidade de ter sido uma das figuras mais proeminentes do sistema que conduziram o país ao estado em que ele está, pode criar alguma coisa mais do que ilusões?
Cavaco Silva, para se manter no governo, concedeu ao poder financeiro nacional benesses tais que tornaram o sistema político português actual praticamente ingovernável.
Deixou que o crédito fluisse, em massa, para os particulares, em detrimento das empresas, originando nos eleitores - com acesso ilimitado ao crédito para carros, viagens, casas, etc. -, a ideia de que a economia portuguesa tinha sustentabilidade suficiente para todos os devaneios.
Deu carta branca aos bancos que actuaram, desde os seus governos, em autêntica roda livre.
E fez escola, como provam à saciedade as declarações da sua mais fiel discípula, Manuela Ferreira Leite, que mal entrou no governo da tanga, fez saber que teria de haver os maiores cuidados com os bancos 'pois é aí que temos as nossas poupanças'!
É, aliás, flagrante a reverência de Cavaco Silva aos banqueiros, quer jantando em casa deles, quer aceitando convites para públicas e notórias festas das respectivas instituições.
Este é também o Cavaco que impulsionou ficticiamente o investimento estrangeiro, através de benefícios obtidos com fundos comunitários, de tal modo que a fraqueza dos alicerces então compostos resultaram na impressionante devastação da economia produtiva nacional que está à vista de todos.
A visão de Cavaco Silva, quando comparada com os vultos que estruturaram, no decorrer da nossa longa História, a comprovada prestação dos portugueses no mundo, é muito, muito fraca.
Para aqueles que podem ter o discernimento suficiente perante o ruído comunicacional que se aproxima, quando se abate sobre nós mais uma grande ilusão, será útil reflectir sobre a vantagem de, em alternativa, dar o voto a um candidato que não carregue consigo tantas e tão falaciosas expectativas de salvação nacional.