quinta-feira, agosto 25, 2005

descaminhos / ARREPIANTE



Apesar de todos sentirmos os efeitos da incapacidade de liderança de que Portugal sofre, com crescente agravamento nas últimas décadas, é arrepiante o testemunho de Paulo Morais, na Visão de hoje.
Cabe registar tratar-se de uma entrevista que contraria a corrente de jornalismo e comentarismo situacionistas, incapazes, ou não interessados, em desenvolver na opinião pública uma crítica consequente à incapacidade gritante da maioria dos responsáveis políticos, nos mais elevados cargos do Estado.
É um testemunho vivo, directo ao cerne dos problemas em que Portugal se encontra e, para os quais, há culpados que devem ser sancionados.
Não é suficiente arrancar uma revolução sobre a forma de governação de um país, como fez Mário Soares.
A prova real da capacidade de um político traduz-se na sua competência para encontrar as soluções para a garantia do seu conteúdo, o que tem a ver com a independência do país e, portanto, com a sua autonomia económica.
Tanto Mário Soares como Cavaco Silva têm as maiores responsabilidades quanto à situação a que Portugal chegou, pelos cargos que desempenharam no topo do aparelho de estado, partidos incluídos.
O alerta de Paulo Morais é um sinal muito claro sobre o que se passa no interior desta democracia cada vez mais formal.
Traduz-se numa chamada de atenção para os perigos de se voltar a colocar o poder resultante do voto, nas mãos daqueles que já mostraram não ter soluções para os problemas que criaram.