sexta-feira, agosto 26, 2005

socos / CULPADOS


Incapazes de criarem as condições de crescimento da economia, impotentes para travarem a hemorragia da propriedade das empresas portuguesas para mãos estrangeiras, passivos perante o espectáculo da perda de autonomia económica e da independência nacional, os mais altos responsáveis pela condução do país, acantonam-se na cassação dos legítimos direitos e expectativas dos funcionários públicos.
Confortados por jornalistas e comentaristas que se limitam a analisar e discutir a espuma visível dos acontecimentos quotidianos, encontram o caminho livre para demonstrarem, com um descaramento revoltante, toda a sua pusilanimidade.
Quantos negócios fechou o Presidente da República (PR), como resultado das inúmeras viagens que fez ao estrangeiro, com enormes cortes de empresários? Quanta riqueza tratou de criar para obstar a esta degradante falta de palavra do Estado perante os seus funcionários?
Enganam-se aqueles jornalistas e comentaristas que entendem não serem devidas ao PR explicações rigorosas sobre os resultados práticos, concretos, das visitas de Estado, no que respeita à venda das nossas capacidades, do nosso saber fazer, dos nossos produtos e serviços.
Mais ainda do que um debate sobre se é conveniente omitir-se a publicação de imagens sobre os incêndios, é urgente concluir que é ultrajante divulgar-se a simentalona adoração do PR a museus vivos e mortos durante as visitas de Estado, sem se curar de retratar as razões da sua sistemática inépcia comercial.
O PR, como autor moral dos actos do Estado que ludibriam as expectativas dos seus funcionários, não mostrou, pois, serviço que lhe desse o direito de subscrever actos como o da convergência dos regimes, ou seja , subscrever um grave retrocesso no nível de vida de quem sofre as incompetências dos seus dirigentes.
O autor material mostrou, nestes escassos seis meses que leva de cargo, total desrespeito pelos compromissos eleitorais, figurando já no escol dos que, mormente a partir de Durão Barroso, usam a mentira como táctica para se apropriarem do poder.
Não é possível que a população, nos próximos actos eleitorais, perca a oportunidade de demonstrar a sua completa rejeição por um exemplo tão frouxo de capacidade de liderança.