
Isto não significa, e fique bem entendido, que toda e qualquer desigualdade seja, a meus olhos, necessariamente justa. Pelo contrário, há numerosas desigualdades perfeitamente injustas; e muitas vezes são aquelas que a nossa sociedade igualitária deixa subsistir. Professar uma concepção anti-igualitária da vida é considerar que a diversidade é um dado da realidade, e que esta diversidade inclui as desigualdades de facto; que a sociedade deve tomar em conta estas desigualdades e admitir que o valor das pessoas, em relação aos diversos objectos, é incomensurável e diferente de uma pessoa a outra. É considerar que nas relações sociais, este valor é, essencialmente, medido pelas responsabilidades que cada um assume em relação com as suas aptidões concretas; que a liberdade reside na possibilidade efectiva de exercer essas responsabilidades; que a essas responsabilidades correspondem direitos proporcionados, e que de tal facto resulta uma hierarquia, baseada sobre o princípio uniquique suum.
(Alain de Benoist, 'Nova Direita Nova Cultura' ['Vue de Droite' no original], Lisboa, Edições Afrodite, 1981, pág. XXIV)