terça-feira, agosto 23, 2005

descaminhos / VERGONHA

Vergonha é o mínimo que se pode dizer do que se está a passar com as atitudes do Governo, sob a batuta de uma Secretária de Estado dos Transportes arrogante, teimosa e autista, a propósito da fábrica da Bombardier na Amadora.
Sem que a comunicação social mostre à opinião pública a irresponsabilidade política dos actos do Governo, no âmbito da expropriação em curso, tendo em conta os graves efeitos estruturais que serão produzidos e se farão sentir muito para além da presente legislatura!
Com a agravante de o comportamento do Governo, pela mão de uma Secretária de Estado claramente obcecada, contrariar frontalmente um conjunto de disposições e de políticas anteriormente estabelecidas, confirmadas de resto no programa do actual governo, no sentido da concorrência e da regulação em geral. Incluindo, portanto, o sector ferroviário.
O procedimento estatizante do Governo - ainda que ao melhor nível dos tempos socialistas do PREC (agora, aparentemente renascidos com a candidatura do neo-radical Mário Soares...) -, não pode dar lugar à utilização dos dinheiros públicos como se fossem seus, sem justificação.
A única maneira de reduzir consistentemente a incomportável despesa pública que a CP, mormente a sua gestão, representa é promovendo a concorrência!
Ora, as medidas em curso, no caso Bombardier, resultam exactamente no contrário. Tornar a Amadora num Centro de Competência da EMEF, empresa 100% CP, é colocar esta operadora em condições ainda mais desiguais de concorrência com potenciais operadoras, dentro em breve permitidas pela abertura do mercado.
Corresponde a uma ajuda de Estado encapotada, que tem por efeito prático eliminar logo à partida a concorrência potencial!
E, qual cereja em cima do bolo, são medidas destinadas a afastar o já de si fraco investimento estrangeiro em Portugal, uma vez que são a prova real do risco que o mesmo corre de, na aplicação das suas estratégias empresariais, se deparar com uma qualquer Secretária de Estado que faz tábua rasa dos princípios políticos por que se rege um sector ferroviário moderno. Inserido, para mais, na esclarecida política europeia do respectivo Livro Branco que Portugal só ganha em apoiar.